Grupos favoráveis e contrários a Nicolás Maduro convocaram manifestações na Venezuela em mais um dia de protestos. As mobilizações acontecem em meio à crise energética que se agrava no país, com frequentes apagões e problemas no abastecimento de água.
A crise teve início no dia 7 de março, quando começou a sequência de blecautes que paralisou boa parte da Venezuela durante pelo menos 11 dias.
Em Caracas, os opositores marcharam em direção ao prédio da Corporación Eléctrica (Corpoelec), a estatal de energia elétrica do país, enquanto os apoiadores de Maduro se reuniram em frente ao Palácio de Miraflores, sede da presidência.
"A luz é vital, mas não viemos exigir apenas isso. Exigimos a democracia", disse o líder do parlamento venezuelano Juan Guaidó em Caracas. Ele também convocou uma nova manifestação para quarta-feira (10).
Na sexta-feira (5), Maduro anunciou que 20 dos 23 estados do país serão alvo de um racionamento de energia durante 30 dias. O fornecimento de eletricidade será interrompido por até 21 horas por semana.
O governo limita os cortes a 3 horas por dia e garante que, em um dia da semana, cada região contará com o fornecimento de energia por 24 horas. A medida exclui o estado de Vargas, próximo a Caracas e onde fica o principal aeroporto da Venezuela; Amazonas e Delta Amacuro, regiões de fronteira e afastadas da capital.
Protestos são convocados no Twitter
Juan Guaidó convocou a manifestação "contra a obscuridade" nas redes sociais . Em sua postagem, Guaidó afirmou que 358 pontos teriam protestos contra o regime de Maduro em todo o país.
Em sua página no Twitter, Nicolás Maduro chamou seus seguidores a "popular as ruas de Caracas para ratificar o caráter anti imperialista da Venezuela".
Falta de luz e de água
O racionamento de energia anunciado por Nicolás Maduro na sexta (5) é resposta à sequência de blecautes que teve início no dia 7 de março, quando começou o apagão que paralisou o país por uma semana e se tornou o mais longo da história da Venezuela.
O apagão afetou 22 dos 23 estados venezuelanos, além da capital, Caracas, provocando a interrupção da água e o colapso do setor eletrônico bancário e dos hospitais. Os cortes de eletricidade são frequentes no país. Embora o governo os atribua a sabotagens da oposição, a oposição fala em abandono da infraestrutura e corrupção.
A série de blecautes provocou também uma crise de abastecimento de água. Grandes cidades venezuelanas dependem de sistemas de bombeamento que exigem muita eletricidade.
Durante pronunciamento em rede nacional no último domingo (31), Maduro afirmou que o regime tentará garantir o acesso à água . Na ocasião, o chavista voltou a atribuir os blecautes a uma suposta "guerra elétrica" provocada por "terroristas" contra o sistema elétrico venezuelano.
"Estamos administrando uma situação muito grave, porque o golpe afetou a capacidade de geração [da hidrelétrica] de Guri ao resto do país", afirmou Maduro.
Pouco antes, o regime chavista havia anunciado a paralisação nas aulas e a redução da jornada de trabalho devido aos apagões.